segunda-feira, 8 de junho de 2009

A ficção documental do Tropa de Elite

O filme Tropa de Elite, de José Padilha, retrata a dura realidade da sociedade e a afronta. Documenta suas mazelas e tem como protagonista os policiais do BOPE, os jovens da zona sul e os traficantes das imensas favelas cariocas.

As informações são arremessadas na tela, agressivas como o enredo da película. O vômito de informações paradoxais desta obra espetacular vão do ‘bandido com consciência social’ à eleição do responsável pelo caos da sociedade.

Tidos como os grandes vilões da cidade estão os moradores de Leblon e arredores. São eles a ponta do problema – a qual não tem se transformado em fumaça (literalmente), como pode-se presumir pela associação óbvia do que fazem: fumar além do cigarro.

Um espectador mais cético sairá do cinema sem uma opinião formada e o esboço dela absolutamente indefinido. É preciso se concentrar e não se ater somente aos estrondos das metralhadoras e das composições musicais dos bailes funk, ambos registrados generosamente.

O roteiro inspirado no livro de um ex-policial e redigido por diretores tradicionais traz o antagonismo enraizado em sua confecção. Desde o papel as idéias se distorcem em diferentes ângulos.

Quando um deles se reúne com os seus (fora dos quartéis), estabelece a erva daninha da sociedade. Para o outro, no seio de sua ‘classe’ e em ambiente propício às suas inspirações alucinógenas, trata-se somente de erva - sem seus efeitos nocivos.

Portanto, as verdades do Capitão Nascimento não espelham necessariamente a opinião dos homens que lhe deram voz. Pelo contrário, muitas vezes podem ser um tímido deboche. O personagem, magnificamente interpretado por Wagner Moura, é o ódio personificado. Para uns, representa toda a raiva de um ser humano e todo o erro. Para outro é alguém que enxerga o cerne da patologia sociológica, mas escolhe a pior forma de liquidar tal anomalia. Seja quem for o Capitão Nascimento, ele merece ser apresentado ao público.

Um muito prazer! (meramente protocolar)


*trabalho para faculdade (o que explica a descontextualização do texto).

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